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domingo, abril 22, 2007

Nada anda nada evolui


As horas não passam
O tempo recua
Chega o verão
As aves migram para Norte
As plantas encolhem
O céu torna-se escuro
O planeta torna-se cinzento
Nós tornamo-nos pedras
Pedras desgastadas pelo tempo
Os animais riem-se de nós
Fazem-nos partidas
Jogam, brincam connosco
No cemitério os defuntos deixam a morte
Nós tomamos os seus lugares
E eles reinam...
Crescem-nos raízes
Ficamos imóveis
Não saimos do sitio
Permanecemos sempre no mesmo lugar
O mundo está perdido!
O fim está perto!
O sol gira á volta da terra
A terra gira á volta da lua
Os peixes arrojam para cima de nós
Os animais alimentam-se da nossa carne
Alimentam-se a si e a seus filhos
Estamos perdidos
Vamos ser castigados
Castigados pelo vento
Castigados ao longo do tempo.

1997

segunda-feira, abril 09, 2007

Como é que eu permiti isto

Ai que dor
Ai que dor que eu senti
Que dor quando te vi
Tu e ele

Eu não podia acreditar
Eu não podia imaginar
Tu e ele

Ainda esfreguei os olhos
Ainda pestanejei algumas vezes
Porque eu não queria confirmar
Confirmar que sempre era verdade
Tu e ele

Ai que vou cair
Ai que não aguentarei
Vou cair no maldito caminho
Mas a culpa foi minha
Porque eu sempre fui um burrinho

Não soube falar contigo
Não soube dar o primeiro passo
Tornar-me teu amigo.

1997

domingo, abril 08, 2007

Imortalidade

Quem me dera ser imortal
Quem me dera que também tu fosses imortal
Quem me dera que permanecêssemos juntos
Juntos durante toda a vida
Durante toda a eternidade
Juntos sempre até ao fim
Até ao momento em que nos cortassem a cabeça
Mas mesmo nesse momento iríamos continuar juntos
Iríamos permanecer juntos para lá da morte
Espera, isto não é verdade!
Porque existe um problema depois de morrer
É que não podemos desfrutar os prazeres da terra
Logo iam-nos separar
E isso eu não quero.

Por isso não podemos deixar que nos cortem a cabeça
E já que não nos podemos amar no céu
Temos que nos amar aqui na terra
Isto é, se tu o quiseres
Porque tudo o que disse
Pode não corresponder ao que tu queres
E isso eu tambem não quero.

1997

sábado, abril 07, 2007

Teve de ser assim

Sou um ladrão
E como tal vou-te roubar
Vou roubar o teu amor
Porque já que não mo dás
Tenho de to tirar.

Concordo que não foi o mais adequado,
Mas foi o único meio que eu encontrei
Podes-me condenar por isso
Porque tens todo o direito para o fazer
Uma coisa dessas nunca se faz
Mas eu não encontrei outro modo de ter o teu amor
Eu sei que não sou um bom rapaz
Mas tambem tenho o direito de amar.

Por isso eu roubei o teu amor
Porque tu não o querias entregar
Não o querias partilhar.

1997

sexta-feira, abril 06, 2007

O meu olhar

Estou a tentar
Estou a tentar desviar o meu olhar
Porque ele só tem uma direcção
A tua,
Mas o teu olhar nunca corresponde com o meu
Por isso tenho de conseguir desviar o meu olhar
Procurar novas direcções,
Procurar novos motivos
Novos motivos para que ele não veja apenas a tua direcção
E parece que o vou conseguir
Vou aguardar mais um pouco até que os meus olhos se fechem,
Se fechem por se sentirem cansados,
Cansados de estarem sempre á espera
Á espera de algo que nunca irão ter
E quando assim for
Aproveito para desviar o meu olhar
Para que ele não desconfie e que não possa sofrer
Porque já não tem para quem olhar
Pelo menos para quem ele desejava
Mas penso que esta nova direcção tambem é muito boa
Porque também ela é muito bonita
Correspondendo com os gostos do teu olhar
Assim não vai começar a chorar
Porque agora é mais uma para ele desejar amar.


1997